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segunda-feira, novembro 07, 2011

Gracejos do destino

Destino enevoado e apocalíptico do qual sou vítima
Fazei a dor se corroer até o coração parar de se contorcer
Em meu peito, conquanto o corpo fétido e cansado esteja desfalecido
O último suspiro será o primeiro da nova era de ostentações
Não se há sossego, posto que a hora da verdade
Aproxima-se cheia de lamentações
A fuga parece-me tão morta quanto o futuro deste ser
Ainda que ajam mil expectativas
De que servem os dotes, quando se pulsa no peito um doente?
O amanhã me é tão turvo quanto o ontem
O hoje é digno de conflitos e medo do que virá a seguir
Mas há um fio de esperança
Aquele que vai partindo bem devagar lá no horizonte
Por influência das anedotas deste meu destino
Deixando-me devagarzinho, do mesmo modo que me foi dado!


Raíssa Santos

sexta-feira, agosto 12, 2011

Gota a gota

Que venha a morte acompanhada pelo entorpecer da voz
Será bem vinda na sua doce hora gritante
Os ponteiros do relógio serão apenas espectadores estáticos
Companheiros da agonia ferrenha abatendo a manhã
Pois observaram céticos, o selar da vida errante
Cessaram os ruídos mergulhados no mórbido silencio

Bebei do vinho amaldiçoado embriagado na discórdia
O veneno frenético executa o seu serviço
O tempo despedindo-se está, pois já é sua hora
A gota que restava já cumpriu o seu curso
E a ultima brisa já me percorre o corpo

Espero o beijo da partida eminente
O gosto quente do almejado descanso
Afogado está meu sorriso em um balde de sangue
E o negro d’alma disperso pelo espaço



Raíssa Santos

Nova Era

Minha face foi descoberta
Está exposta
Mergulhada no rio da mais profunda aventura
Abarrotada de juventude e de imparcialidade
Posta em prova,
Frio e fogo;

A hora está a bater a porta
Está nervosa,
Impaciente,
Engolindo a si própria
Chega a bom momento

Esta é sua chegada,
Forjada pelos mistérios da vida
Acalentada pela doce despedida
Queda do fino véu
Que ainda envolvia solene

Já ouço o ranger da porta
Tremula percorre silenciosa
Está entrando,
Está aqui

Os sons dos passos penetram-me,
O calor de sua presença já me envolve,
Não há mais volta,
E o caminho longo já me espera
Estou pronta,
É minha hora


Raíssa Santos

quinta-feira, julho 21, 2011

Um velho amigo

Mentiras e mais mentiras
Uma névoa profunda enganando a retina
A perdição nas entrelinhas
O fim disfarçado de começo
Mera embriaguez de esperança
Num deleite anestesiado e insensato

Garantia incerta banhada por aventura
Tu trilhas em mim a perturbação ininterrupta
Arrasa-me apenas com tua palavra absoluta
E esfacela-me nas ruínas do teu pódio

Tu és minha calmaria das noites de tormenta
Agitação nos lençóis em noites de insônia
Tu és a oscilação ferrenha que me abate toda manhã
É meu siso perdido e incrédulo
A turva sina gasta com regalias

Teus olhos negros mascarados
Arrancam-me suspiros arriscados
E diante de minha perspicácia
Encenam o drama do século
E a razão se perde no teu olhar enérgico

Teus lábios mentem
A verdade é corrompida por tua boca
Persuadindo o meu ser com tua fala amorosa
Fazendo-me perder em meio ao caos de teus olhares nervosos
Aquecer-me novamente no intrínseco dos teus braços

Insanos são meus pés
Que te perseguem por teus caminhos tortos
Privando de meu corpo a própria sorte
Buscando outros meios de ter-te aqui

Minha face esmaece
Com tua ausência tortuosa
Estática, perco meu rumo
Pois só em ti encontro prumo
Já que sacodes a rotina decrépita

Põe-me louca com teu sorriso doce
Arrancando-me o juízo com tua voz fervente
Tu és meu maior bandido
Meu pecado escondido
A minha prisão particular implícita


Raíssa Santos

Refugio sombrio

Onde está a névoa da aurora que extasiou minha fuga pelos campos azulados
Rumo ao infinito da luz feiticeira e acalentadora
Que está cravada no encontro da luz com a escuridão
No beijo do abismo com o céu de setembro
Na chuva confortando a inconstância do tempo

Feito ferida, na face do medo assombrando o calor do bater do gelo amaldiçoado
Arranhando a couraça espessa com fios suaves e alinhados
Sob a incerteza do caminhar dos dedos trêmulos por caminhos errados

Vazio tortuoso onde descansam os desavisados
Postos na esperança de ressurgir em cavalo alado
Destituídos da vaidade e da inocência
Reis caminhando rumo à sobriedade
Embriaguez sombria posta em esquecimento


Raíssa Santos

terça-feira, julho 19, 2011

Por que o amor não é o suficiente?

 O amor mesmo sendo tão necessário é um tanto renegado
Dispersado pelos dias ou pela vida
Muitos não amam por não quererem sofrimento
Que sempre se instala mesmo com a fuga e o lamento

A espera pela sorte neste mar de instabilidade
Onde todos nós sempre esquecemos o que é mesmo importante
Onde deixamos de amar por falta de tempo
Deixamos de viver por falta de esperança

Acabamos não vivendo por não amar
Enlouquecidos rejeitamos a nós mesmos
Deixamos o coração por segundo plano
E assim vivemos por prantos

O amor não é suficiente porque somos incapazes
Pois nos ligamos às dificuldades
Não seremos nunca perfeitos, mas podemos ser amados...


Raíssa Santos

O lado não tão perfeito do amor

Tão imprudente na sua formalidade
Arrebatador num semblante enamorado
O assassinato da lucidez
A loucura vestida belissimamente

Intrépido rio indomável delirante
Entrelaça aos solitários dentre as estradas
Encoraja infielmente um coração
E ilude de forma tão intensa os fracos

Atenua a mais triste pessoa
Encanta a mais delirante mulher
Revela pureza inata
Esbanja beleza ao ar

O amor tão leviano e inconseqüente
Arrasa corações tão lindamente
De forma incógnita e tão bonita

Grandes são aqueles que o aproveitam
Tristes os loucos que o rejeitam
Sábios aqueles que não o esquecem
Livres aqueles que o sentem.


Raíssa Santos