Pesquisar este blog

Total de visitas

segunda-feira, maio 23, 2011

Dia nublado

O tempo fechou, o sol se escondeu e a luz me partiu
Acordei inevitavelmente sob este solo hostil
O ar está tão frio, mas não é ruim;
Ruim é morrer, partir sem viver!

Sofrer é arte de se manter aqui
As lágrimas teimosas são inevitáveis em qualquer instante
Não me faça dizer o que é certo
Não sou mais do que nada
Apenas poeira de estrada após uma tempestade
Me leve contigo, por favor, faça de mim o seu amor

Viver é conseqüência de existir,
Mas existir não é viver
Viver é sentir, chorar, lembrar, querer
Existir é ter medo de sofrer aqui...
Então não tenha medo algum
Por isso exista no tempo,
Viva a cura, sinta a chuva, morra no sol,
E chore aqui, pertinho de mim, meu amor

Não há mais tempo para distúrbios simples,
Vamos deixar o rio nos levar...
Pra um lugar guardado do mundo,
Onde eu possa querer poder te amar

Hoje!... O céu está tão obscuro,
Não feche a janela que eu quero observar
Apenas observar...
Que o sol já vai tornar pro seu lugar...
Então retorne também...

sexta-feira, maio 20, 2011

Traição

Uma arma letal
Porém silenciosa
Absorta na arrogância
Embriagada pela vaidade
Destrói tudo, afoga todos

O veneno em doses diárias
Enfeitiça os olhos
Engana os corações
E amaldiçoa as almas

Um narcótico irônico
O sarcasmo implícito
Alucina os homens
Privando-lhes a razão

A deslealdade traiçoeira
Infidelidade perversa
Um ato perspicaz
No entanto assassino

Autor desconhecido


Partirei amanhã
Em meio à neblina
A escassez de luz me espera
O tempo pára!
E a vela queima

Não irão me lembrar
Morrerei no fim da lembrança
Vê o que vi e releve
Esqueceis então

Feche os olhos
Não enxergue o amanhã
Correrei bem depressa
Ofuscando a partida
Pois não há retorno
Quando o fim se encena
O nada chega

Fazei o sorriso murchar
Como flores do campo
No inverno o frio vem
Mantêm-me aos bocados
Cura o incurável
Desvia o deslize
Ninguém o vê
Apenas sente

A alma foge
Encara a liberdade dolorosa
O tempo pára!
A vela queima!
Esqueceis então
Guarde apenas as palavras
De quem nunca existiu

A última que morre?

Jaz ali perfeita esperança
Digerindo luz de criança
Poeta entre flores doentes
Próxima a pinheiros maciços
Na resplandecência da luz

Delicadeza gélida da calmaria
Alimentando a aurora vazia
O frio percorre o corpo franzino
Risos e abraços partindo
Inocência em gotas caindo

Descansando leve e solicita
À espera da vela escondida
Uma eternidade incógnita
Névoa densa e perigosa

Contaminação transcendente
Neurônios postos em jogo
Rios de horror caminhando
A dor de um amor assassino
Beija-lhe a face atacada
Veja os olhos mortos sorrindo
Deixa de negar-lhe a sorte
O caminho para o fim esta surgindo
A esperança é a penúltima que morre

Possuída

Monstro tu morrerás
Por tuas próprias mãos padecerá
O teu sangue o mundo lavará
E no inferno dos homens queimará
Conte teus dias
Que tua alegria há de cessar

Por ti não me preocupo
Julgo ser o mais certo a fazer
Poupar os inocentes de ti é meu destino
Tuas aberrações encontram caminho
E em minhas garras se findam

Sinta-se em prestigio
Pois meu ódio por ti é tamanho
Que me detém o juízo
Mas o sacrifício será valido
Por mais doído que possa aos teus inocentes ser

Ó monstro horrendo o que te fez possuir a mim?
Ainda resta vestígio da menina inocente
Em ti meu coração se pôs doente
Tua agonia em minhas entranhas se instaurou
E agora possuída por teu veneno sou
Suficientemente capaz de assassinar a ti

Desconsideraste minha astúcia
Vinde a mim e morra em mim
Monstro tu sofrerás por tuas garras
E teu reino findará em meu fim

Exilio

A fenda é imprecisa
Composta de alento
Reluz vida encantada
Dizeres em prata
Torneados em fogo

É luz de menina
Criança entretida
Brincando com medo
Vivendo em degredo
Mentiras num relevo
Encanto posto em prumo
Calor que assume forma
Amor que se distorce

Ó fenda protetora
Tua forma é calma
Ruídos em doce vento
Aroma d’outros tempos
Ressuscita minha aurora
Nossa vida posta em prova
Reunidos em segredo

Tua fita entrelaça o tempo
Dispersados ao relento
Esquecidos da justiça
Rejeitando o que rejeita
Mero louco que se esconde

Palavras dispersas


E vejo ao longe uma sombra que ilumina meu olhar distante
Lágrimas deslizam intocadas pela face estonteante
Um sorriso dissimulado formou-se indeciso
Os olhares se cruzam em uma sina descontente

A dança das palpitações ecoa sibilante
A agitação frenetica em movimentos imprecisos
O voo oscilante das palavras inquietas
O ardor gritante do alivio comovente
A caça por dias melhores em meio a discórdia
A aridez encena a vida na aurora
O frágio e estridente fio de esperança que foge aos poucos
E ergue a passagem para um novo instante
Um dia que virá após o outro que ainda não se foi



Uma nova geração

Abstinência nervosa
Um vício pra vida inteira
A dependência assombrosa
Narcótico na dose perfeita

Alienei meu destino
Aliciando o fascínio
O sangue está derramado
O tempo já se esgotou

Quero injetar o antídoto
Lavar a farsa escondida
Tapar o sol com peneira
Assassinar a milícia

Desatando o nó da agonia
Deixando pistas de um dia
É o fim da minha discórdia
Não há cronometro para isso
A linha já está sendo escrita


Organismo viciado

Joguei os parâmetros fora
Fisguei o perigo pela veia
Rasguei as estranhas do destino
Embriaguei meu cérebro
Os cálculos não me servem de nada
Dê-me o elixir da sabedoria
Estrague meus pulmões
Moleste meu coração

Deixei a toxina me contaminar
Não há mais tempo
Viciei meu organismo
Segui por um trilho sem volta
Completamente corrompida
Eu sou uma alucinação
O reflexo do medo
Estampado no terror

O meu maior veneno é a rejeição
E bebo dele diariamente
Faça o que for fazer
Mas diante dos meus olhos
Enfie a adaga apenas de uma vez

De volta pra Vênus

Esqueceram-me aqui
Não se lembraram de avisar
Que este planeta é assim
Apenas largaram-me aqui

Eu queria voltar
Pro meu planeta de avião
Deixar a terra e flutuar
No espaço bem distante

Este planeta é assim
A morte aqui é sempre lei
O que seria de vocês
Se não houvesse um coração?

A minha nave já partiu
Há muito tempo e me deixou
Aqui não é o meu lugar
E eu nem pude argumentar

Este planeta é muito triste
Tem tanto ódio no olhar
Tem tanta dor no coração
E tantas lágrimas nos olhos

Não quero mais ficar aqui
Por que ninguém ouve minha voz?
São todos loucos
Que me condenam
Depois a louca sou eu

Eu só vejo as notas musicais
Caminhando pelo ar
Acariciando as almas perdidas

O meu planeta é tão melhor
É lá que eu costumo dançar
E onde vejo estrelas cantando no céu

A humanidade está caindo
Desabando sobre todos
Tudo está desabando
E não há pra onde correr

Por isso é que quero voltar
Sentir o ar da minha estação
Cair na grama e levantar
Sentir minh’alma respirar

Quero sair logo daqui
Antes que todos se derem conta
De que tudo está acabando
E o egoísmo irá sucumbir
No fim o sangue tem que escorrer

O ser humano é fraco demais
Acaba tornando o planeta um lixo
Não enxergam o óbvio
E por isso não conseguem entender
O que está acontecendo por aqui

Dá-me juízo?

Sem passado e sem futuro
Ora, ora como estou ajuizada
É... Eu me perdi no tempo
Tornei-me cinza, me desfiz no nada

Não sei nem mais o que faço
O que era claro tornou-se turvo
E por mais que eu tente não consigo
E por não conseguir desisto
E desistindo eu me conformo em nada ser

Eu não vivo e sinto as conseqüências disto
Presa a um passado enlameado
E a um futuro enevoado
Ai! Quem me dera ter juízo?
Saber o que eu devo ou não fazer

Oh! Que mais me falta acontecer?!
Tenho tudo e nada tenho
E dessa forma seca vou vivendo
Ninguém me ensinou a ser alguém

É... o manicômio me espera e os outros loucos também
Ai! Quem me dera ter juízo?
Ter uma mente bem quieta
E uma alma perfumada como aquelas daqueles que vivem a Felicidade

O ultimo vôo de um pássaro

O pássaro aprisionado quis sair:
Violou a mandíbula e aqueceu a ferida
Agarrou-se ao vento e partiu sem despedida
Rumo ao horizonte, frio e perpetuo
O ultimo vôo de um pássaro aprisionado

A gaiola já aberta arrancou-lhe um ultimo sorriso
O pássaro libertado, no tempo em que lhe restava observou o infinito
E se lançou rumo às águas
Águas que observavam ao longe o pássaro sobre a colina

Quem diria que o ultimo vôo de um pássaro seria seu primeiro?
A descoberta da liberdade
Por um pássaro que nunca aprendeu a voar

Um dia vivi...

Quando a morte em um dia inesperado vier me buscar,
Eu não relutarei aos fatos, nem as atitudes falsas e principalmente a mim
Nada explica o que foi feito, nem como foi feito
Tudo é em vão se o fim é sempre o mesmo
Não posso lutar contra mim mesma, sou fraca demais para tanto

Quando eu tragar o último suspiro, o mais denso deles,
Eu vou dizer a ela que valeu a pena
Cada segundo, cada lágrima, cada sorriso
Tudo é mais fácil quando não há nada a se perder

Quando eu fechar os olhos e puder descansar,
Vou voar mais do que nunca e sentir a liberdade correr silenciosa
Talvez a luz se aborreça comigo e não me deixe ir com ela,
Mas se ela não deixar tudo bem, sofrerei pela eternidade...
Mas sofrerei sabendo que um dia vivi

Quando eu for embora e deixar o meu rastro nos vivos,
Eu irei realizada porque fiz um bom trabalho
Terei deixado minhas pegadas em cada coração
Terei largado meus sorrisos para cada olhar
Pois bem, eu não irei voltar

Lentamente...


A destreza foge por meus dedos
Meus pensamentos me prendem a este vazio
Este vazio se alimenta de mim
Eu morro quieta e lentamente
Observando a vagarosidade me apagar

Não consigo distinguir o meu estado
Vou seguindo dependente de resultados
Resultados que desvanecem minha voz
Desvencilhando o sentido do que é certo
Fazendo o errado parecer tão tolo

A nova chance parece meio turva
Não sei mais o que esperar de mim mesma
O que explicar se os atos falam por si?
Neste meio instável sobrevivo


Caixinha de lembranças

Um lugar... Mil lembranças e um sonho
Ao entrar sinto um exalar de dias... Anos... Meses
Algo distante, mas perceptível
Algo que quase me transporta a outros horizontes
Mais por que quase? Se tudo me leva a crer que ainda posso me encontrar?

Armazenadas, quietas, subversivas estão elas em um lugar
Retidas parecem-me sonhos passados que não passaram de sonhos
Mas se não passaram de sonhos? O que sou eu?
Eu não seria o fruto de tudo isso? Mas onde foram parar as sementes? 
Se não há passado como pode haver futuro?
E se não há futuro o que estou fazendo aqui?

O que dizer se as palavras não dizem nada?
O que fazer se há um vazio em minha existência?
Vazio esse que sinto saber como preencher,
Mas por onde começar o destrinchar de informações?
Por onde?... Pelo começo?... Pelo começo do fim?... Ou pelo fim do começo?...
Perguntas e mais perguntas na triste tentativa de encontrar respostas
E assim vou seguindo... Ou tentando seguir... Você escolhe